segunda-feira, 31 de março de 2008

Um olhar sobre a Pedagogia da Autonomia

Paulo Freire atinge, a nosso ver, o ápice como educador-escritor, ao publicar sua Pedagogia da Autonomia.
Sem perder seu norte ideológico, o autor nos apresenta uma pedagogia “fundada na ética, no respeito à dignidade e à autonomia do educando”.
Acerta ao compreender a prática docente enquanto dimensão social da formação humana, apoiada na crença em uma ética universal do Homem.
A partir desses fundamentos, a Pedagogia da Autonomia apresenta uma série de dicas úteis às atividades docente e discente.
Obra de valor inestimável à Educação Progressista, contemporânea, se tornada prática, realizada, vivenciada, fará da educação brasileira uma nova realidade.

Paradigmas da Pedagogia da Autonomia

1 – O preparo científico do professor deve coincidir com a sua retidão ética e com o respeito aos outros.
2 – A ética universal do Homem é a ética enquanto marca da natureza humana, enquanto algo absolutamente indispensável à convivência humana.
3 – Não há docência sem discência. Ambas se explicam e os seus sujeitos, apesar da diferenças que os conotam, não se reduzem à condição de objeto, um do outro. Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender.
4 – Ensinar não é transmitir conhecimentos, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção.
5 – O ensino “bancário”, aquele meramente transferidor do perfil do objeto ou do conteúdo, não deve ser praticado por um educador progressista, que deve ser um problematizador em primeiro lugar. Há que se problematizar o futuro!
6 – Um momento fundamental na formação permanente do professor deve ser a reflexão crítica sobre a sua prática.
7 – O Homem não deve ser apenas objeto, mas sujeito, também, da sua História. Possui a tarefa histórica de mudar o mundo. Assim deve, também, pensar o educador progressista.
8 – O desvio ético do docente deve ser designado por “transgressão”.
9 – Não se pode discriminar o aluno em nome de nenhum motivo.
10 – A docência deve ser ideológica também. Há que se resistir, indignar, apresentar “justa ira”, em favor dos traídos e dos enganados.
11- Ninguém é sujeito da autonomia de ninguém.
12 – Se a educação não pode tudo, alguma coisa fundamental a educação pode.
13 – É escutando que aprendemos a falar com os demais. Por isso, o docente deve saber escutar.
14 – Ensinar exige reconhecer que a educação é ideológica. Para ensinar, formar, é necessário estar aberto ao contorno geográfico, social dos educandos.

“Foi sempre como prática de gente que entendi o que-fazer docente”.
Paulo Freire

Fonte: FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

Blogs: um recurso e uma estratégia pedagógica

Resenha crítica

Maria João Gomes alcança seu objetivo, de sistematizar um conjunto de possíveis vertentes para a exploração dos blogs em contexto escolar, ao abordar a temática dos blogs como instrumentos e estratégias pedagógicas.
Inicia o artigo com comentários acerca da explosão dos blogs na internet, conceitos, origens e principais funcionalidades dessa ferramenta virtual.
Um internauta, sem conhecimentos mais aprofundados sobre a construção páginas eletrônicas, sem custos, pode disponibilizar espaços de publicação na rede. Essa é a principal razão do sucesso atual dos blogs, segundo a autora.
Entretanto, o que mais chama a atenção na fala da docente é a possibilidade de utilização do blog como recurso pedagógico, por meio da disponibilização de um espaço de acesso a informações especializadas, bem como para disponibilização de informações por parte de um professor que utilize essa ferramenta.
Na outra vertente, enquanto estratégia pedagógica, blogs podem ser criados na forma de portifólios digitais, ou como espaços para intercâmbios, colaborações, debates ou, mesmo, para integração.
Em síntese, a professora acerta ao sugerir mais uma ferramenta didática que vem ao encontro dos conceitos ligados à pedagogia progressista, de forma à criar mais condições para que os alunos construam seus conhecimentos em um ambiente bastante familiar às gerações atuais: a rede mundial de computadores!
Fonte: BRASIL. Instituto de Cooperação e Assitência Técnica. Didática do Ensino Superior. Apostila. Brasília, 2008.

Visite o Sítio do MEC na Internet

A página do Ministério da Educação (http://portal.mec.gov.br/) traz diversas funcionalidades, úteis para professores, para alunos e para o público que se interessa em assuntos voltados à educação brasileira.
No tocante à Educação Superior, o internauta poderá acessar informações inerentes à educação à distância, por exemplo, especialmente naquilo que diz respeito ao credenciamento de Instituições de Ensino e àquelas atualmente credenciadas para esse fim.
Também é possível verificar, no sítio do MEC, as Políticas e os Programas voltados ao Ensino Superior. Dentre eles, o ProUni – Programa Universidade para Todos; o FIES – Financiamento ao Estudante do Ensino Superior; o Prodocência – Programa de Consolidação de Licenciaturas; e o PMQESU – Programa de Modernização e Qualificação do Ensino Superior.
No tocante à avaliação da Educação Superior, é indispensável visitar o SINAES – Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior, que traz conhecimentos importantes acerca do ENADE – Exame Nacional de Desempenho de Estudantes e à Avaliação dos Cursos de Graduação.
Finalmente, vale à pena verificar a distribuição dos recursos públicos da educação para as Instituições Federais de Educação Superior – IFES.
Tudo isso, e muito mais, na página do MEC!

Sobre o artigo de Ivan Valente

Mesmo ao desconsiderar as questões político-partidárias inseridas no artigo do Deputado Federal Ivan Valente (PSOL-SP), há que se dar a devida atenção ao seu conteúdo.
Com veemência, o engenheiro critica o Programa de Premiação, com bônus financeiros, para diretores, professores e funcionários de Escolas Públicas do Estado de São Paulo, além da condenação aos baixos investimentos em Educação, no âmbito nacional.
Mais importante, ainda, é reconhecer as sábias palavras do parlamentar: “não há melhora qualitativa na educação sem investimento público pesado na formação continuada de professores, salários dignos que regatem sua auto-estima, infra-estrutura adequada e participação da comunidade nos rumos educacionais”.
Algo bem parecido com o que ocorre nas Escolas da Finlândia, não?
Leia mais em “Premiação e Castigo na Educação – Ivan Valente”, no arquivo deste blog.

"Construção do Conhecimento: Algumas Referências” - Síntese do Texto

O texto de Leila G. I. Grassi oscila entre referências tradicionalistas e progressistas, ao abordar as tendências de construção do conhecimento humano.
Inicia ratificando que o docente, ao longo dos anos, tem se colocado perante seus discentes como “dono do saber”. Ao analisar a relação atual entre professor e aluno, aponta seu caráter essencialmente narrativo. É o que se conhece por concepção cumulativa da educação ou “concepção bancária”.
Na busca de uma nova relação em sala de aula, a Autora coloca o professor como agente mais experiente e sistemático que tem capacidade de devolver ao aprendiz, de modo organizado, as informações do objeto do conhecimento, não se esquecendo da experiência que o aluno possui, de sua historicidade. Em meio a esse contexto, cabe ao professor educar-se continuamente para provocar o gosto para descobrir e testar, estimulando-o a sentir prazer em criar, tornando-o um sujeito questionador, crítico, ser pensante e produtivo capaz de mudar a realidade em que vive.
Para que haja a construção do conhecimento, propõe a Autora uma visão metodológica que supera a simples exposição e que se divide em três pontos principais:

· mobilização para o conhecimento - o trabalho do educador é seduzir o aluno para que ele aprenda. O docente deve ter o domínio do conteúdo e demonstrar seu interesse, a sua paixão pelo objeto de estudo a ponto de mobilizar o grupo de alunos;
· construção do conhecimento - para a elaboração efetiva do conhecimento deve-se permitir ao aluno confrontar-se com o objeto, levando-o a se inteirar completamente do mesmo, para haver a compreensão do essencial. Dessa forma, todo processo de ensino deve partir dos seguintes pontos: problematização, instrumentalização, mudança de atitudes e prática social.
· elaboração e expressão da síntese do conhecimento - o educando constrói o seu conhecimento da síncrese para a síntese, mediadas pela análise, rompendo com idéias pré-concebidas.

Destarte, conforme preceitua a Autora, para que haja efetivamente aprendizagem é necessário que o sujeito queira aprender, sinta necessidade, tenha estrutura de assimilação para aquele objeto e conhecimento prévio.
Diante dessa nova concepção, Leila G. I. Grassi defende a idéia de que o docente abandone a postura de “transmissor de conhecimentos” e o aluno de “receptor-passivo” de conteúdos, construindo um conhecimento diário e duradouro, em um ambiente democrático, crítico e produtivo, onde o discente é estimulado a interagir, dialogar, analisar, sintetizar, de forma que “a educação passe a ser um processo de descobertas e buscas que não tem fim”.

Fonte: BRASIL. Instituto de Cooperação e Assitência Técnica. Didática do Ensino Superior. Apostila. Brasília, 2008.

Componentes do Grupo:

Ana Paula Giglio
Antônio Sérgio Coutinho da Silva
Carlos Antonio Silva Machado
Sandra Maria de Lacerda Miranda
Nelson Silva

domingo, 16 de março de 2008

AFA e AMAN realizam troca de experiências sobre questões educacionais

Em um momento histórico, foi iniciado um processo de integração acadêmica entre a Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), do Exército, e a Academia da Força Aérea (AFA).Nos dias 4 e 5 de março, a AFA recebeu uma comitiva da AMAN que realizou uma visita pedagógica. O encontro teve por objetivo a troca de experiências sobre questões educacionais entre os docentes, militares e civis das duas Academias.

A visita às instalações da AFA iniciou-se pela DE, onde foram apresentados os laboratórios de informática, as salas de aula e a biblioteca. Após a participação na Parada Diária do Corpo de Cadetes (CCAer), foram visitados o 1º Esquadrão de Instrução Aérea (EIA), a Subdivisão de Instrução de Vôo (SDIV), local em que os visitantes puderam conhecer o Simulador de Vôo da aeronave T-27 e, por fim, o Esquadrão de Demonstração Aérea (EDA).

No dia seguinte, foi realizada uma visita descentralizada na DE, onde os docentes de disciplinas similares da AFA e AMAN realizaram comparativos curriculares, ações interdisciplinares e análises de abordagem educacionais, com a finalidade de aperfeiçoamento do ensino das respectivas escolas. A interação entre os educadores gerou subsídios para uma reunião final com debates entre os docentes, propiciando uma rica reflexão para uma visão de futuro do ensino nas Academias.

Fonte: http://www.fab.mil.br/imprensa/Noticias/2008/03_mar/1403_afa_aman.htm.
Acesso em 14/03/2008, às 20:47h.

“Premiação e Castigo na Educação – Ivan Valente”

A política de avaliações sucessivas e de bolsas e bônus de baixo valor não resolverá a grave crise da educação e poderá agravá-la.

AS MEDIDAS adotadas pela Secretaria de Educação do Estado de São Paulo têm sido ungidas como a "salvação da lavoura", particularmente a premiação com bônus financeiro para diretores, professores e funcionários, com base especialmente em exames de avaliação de alunos, como o Saresp.

A secretária Maria Helena Castro, em entrevista à revista "Veja", disse que é preciso liquidar alguns mitos na educação. Para ela são mitos: que deve haver isonomia salarial entre professores, que melhores salários levam à melhoria do ensino, que o número de alunos por sala de aula interfere na qualidade do aprendizado, que a escola pública é carente de recursos. Para a secretária, nossos educadores ganham bem, e os recursos educacionais são suficientes. Maria Helena sentenciou que fecharia todas as faculdades de pedagogia do país, inclusive USP e Unicamp, porque elas se prestam ao "desserviço" de divulgar esses mitos.

Os tucanos estiveram oito anos no governo central e governam São Paulo há 13. FHC vetou o dispositivo do Plano Nacional de Educação que elevava o gasto público com educação de 3,7% para 7% do PIB. Criaram um pseudo-sistema nacional de avaliação para esconder a política de corte dos recursos. Seu objetivo sempre foi diminuir o papel do Estado e atribuir-lhe papel apenas regulatório. Que resultado o país pode exibir nesses últimos 13 anos que não seja a constatação da péssima qualidade do nosso ensino, da degradação das condições de nossos educadores, do retrato cruel do analfabetismo funcional de 60 milhões de brasileiros?

As políticas de fundos para a educação de FHC e de Lula não passam de socialização da miséria. Alguém acredita que o suplemento da União a Estados e municípios, de apenas R$1 bilhão ao ano de recursos novos nos próximos quatro anos, para um universo de 50 milhões de estudantes da educação básica, resultará em algum impacto real na qualidade de ensino? Podemos nos fiar que a instituição de um piso salarial para o magistério brasileiro de pouco mais de R$ 450 por 20 horas semanais estimule a carreira? Enquanto isso, o país desembolsa R$160 bilhões por ano em juros da dívida pública. Maria Helena, ao afirmar que o número de alunos por sala de aula é irrelevante para a qualidade da aprendizagem, lembra-nos o documento do Banco Mundial, sua bíblia, que afirma que "nos países de baixa e média renda é necessário diminuir o número de professores, aumentar o número de alunos em sala de aula e utilizar novas tecnologias educacionais".

Em São Paulo, há até 65 alunos por sala de aula, quando o recomendado pela Unesco é de no máximo 35 alunos. Para o Banco Mundial, professor é encargo. Só quem não conhece a realidade da sala de aula e suas brutais precariedades pode achar que os problemas centrais da educação pública são falta de liderança, falhas de gestão e professores faltosos. Esses problemas certamente existem e devem ser atacados e ter suas causas buscadas. Por isso, não dá para sofismar: não há melhora qualitativa na educação sem investimento público pesado na formação continuada de professores, salários dignos que resgatem sua auto-estima, infra-estrutura adequada e participação da comunidade nos rumos educacionais.

Essa política do governo Serra, hoje também aplicada em âmbito federal, de realizar avaliações sucessivas e superpostas com provas, provinhas e provões e, posteriormente, oferecer bolsas, bolsinhas e bônus de baixo valor, estabelecendo concorrência entre escolas e entre professores, numa lógica de mercado, não resolverá em absoluto nossa grave crise educacional -possivelmente, a agravará. Alguns efeitos previsíveis dessa política de premiação e punição devem se revelar. A vinculação dos recursos ao desempenho dos alunos tende a afastar das escolas que atendem a alunos mais carentes os melhores professores, pois estes sabem que essas crianças apresentam pior desempenho em testes padronizados.

Outro efeito é que tenderá a haver uma corrida para as escolas com melhor desempenho da parte de alunos com notas mais elevadas, cuja presença é benéfica para o conjunto da turma. Fica explícito, assim, que esse tipo de política só tende a aumentar a distância dos desempenhos obtidos pelos alunos da mesma rede. Mito mesmo é acreditar que o papel do Estado é estimular a produção de qualidade por meio de comparação, classificação e seleção, cujo efeito é produzir mais exclusão. Algo incompatível com o dito constitucional: Educação é dever do Estado e direito do cidadão.

IVAN VALENTE, 61, engenheiro mecânico, é deputado federal pelo PSOL-SP e membro da Comissão de Educação, Cultura e Desporto da Câmara dos Deputados.

Fonte:http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz1403200808.htm, acesso em 14/03/2008, 15:11h.